segunda-feira, 1 de julho de 2013

Aumento do número de espécies em extinção!

O número de espécies ameaçadas de fauna no Brasil vai aumentar drasticamente na próxima lista oficial que está sendo elaborada pelo governo federal, segundo dados preliminares publicados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A meta é avaliar o status de conservação de 10 mil espécies até 2014. Por enquanto, foram avaliadas cerca de 1,8 mil, e o número de animais na categoria “criticamente em perigo” – ou seja, em risco imediato de extinção – já é maior do que o da lista atual.
Na nova análise, 331 espécies são classificadas como ameaçadas em três categorias: 137 criticamente em perigo, 89 em perigo e 105 vulneráveis. Na lista atual, publicada em 2002, esses números são 125, 163 e 330, respectivamente.
O grupo de risco inclui desde borboletas, sapinhos e caramujos até onças, baleias e tubarões. Entre os mais ameaçados estão a toninha (uma espécie pequena de golfinho), o soldadinho-do-araripe (uma ave endêmica do sertão cearense) e várias espécies de tubarão-martelo, que aparecem na lista pela primeira vez. O boto-cor-de-rosa, o periquito-cara-suja e o peixe-boi-marinho estão numa condição um pouco melhor – apenas “em perigo” –, enquanto que a onça-pintada, a raia-manta e o cervo-do-pantanal aparecem como “vulneráveis”.
Um grupo muito ameaçado é o das borboletas, que tem 24 espécies consideradas “criticamente em perigo” – três a mais do que na lista atual. Há casos como o da Doxocopa zalmunna, que não é vista há cerca de 80 anos na região de Serra Negra e Amparo, no interior paulista. “Não sabemos se está extinta, mas certamente está criticamente ameaçada”, diz o especialista André Freitas, do Laboratório de Borboletas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Assim como esse, há vários casos de espécies que não são vistas na natureza há bastante tempo. Para decretá-las extintas, porém, é preciso fazer buscas extensivas no campo – pois é possível que elas ainda existam, mas em lugares de difícil acesso ou em populações muito pequenas. “Espécies invertebradas são muito difíceis de serem detectadas sem um esforço de pesquisa no campo”, explica Freitas. “Mesmo espécies relativamente comuns podem passar anos sem serem detectadas.”
Um caso positivo é o da Scada karschina delicata, que hoje aparece como criticamente ameaçada, mas foi reclassificada para “em perigo”, depois que seis novas populações foram encontradas em fragmentos de mata atlântica no Nordeste.

Borboleta Callicore hydarnis (crédito: André Freitas).
A borboletas Callicore hydarnis está classificada como "em perigo".
A publicação dos dados preliminares da nova lista pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desagradou a muitos pesquisadores e até ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), que considerou a divulgação prematura. As informações foram publicadas online em dezembro, na revista BioBrasil, do próprio ICMBio, sem autorização do ministério, com erros e sem os nomes de vários cientistas que contribuíram significativamente para sua concepção.
Apesar de trazer em anexo uma lista com nomes de especialistas que participaram da elaboração do estudo, o artigo é assinado por seis técnicos do próprio ICMBio. Vários pesquisadores ouvidos peloEstado criticaram a “falta de ética” do instituto na publicação.
O artigo não está mais disponível online. Uma carta no site da revista BioBrasil, datada de 25 de abril, afirma que o trabalho “foi retirado do ar no dia 25 de abril de 2013 atendendo a pedido formal dos autores e com anuência do conselho editorial da revista”, e que “o conteúdo deste artigo especificamente deveria estar em uma publicação de caráter mais técnico”.

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